abril 21, 2008

Desfecho

Não tenho mais palavras
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar-te eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte).

Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente...


E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.


Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.




Miguel Torga

14 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Sim senhor, que grande escolha, é o meu poeta de eleição, excelente.

José Lopes disse...

O estilo duro de Torga que não consegue esconder o sentimento do que descreve.
Cumps

Sol da meia noite disse...

Por vezes, de tanto que se ama, se chega a odiar...
Tanto se vira costas ao que mais se quer...
Tanto se oscila...

Bjs

Dalaila disse...

não nego que as palavras de Torga me trazem à Terra me cruzam o pensmaneto e me toam como se fossem escritas na pele

O Árabe disse...

Bela escolha, Carol... belo poema! :) Boa semana.

Sei que existes disse...

Miguel Torga é um excelente poeta! Escolheste um poema bem sentido.
Beijo grande

Maristeanne disse...

Carol,

Lindíssimos versos, parabéns ao poeta!

E a ti...

(a)braços flores de girassóis :)

tagarelas disse...

Ola Carol,
Lindo este poema de Miguel Torga e tao duramente verdadeiro. " E lutei, como luta um solitario quando alguem lhe perturba a solidao". Lindo!

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá minha amiga Carol, que bela a tua escolha... lindíssimo este poema!
Amiga recebe um grande abraço e muitos beijinhos,
Fernandinha

poeta naïf disse...

Ser poeta é escrever
Sem tinta, pena ou papel;
Soltar palavras ao vento,
Ter emoções em tropel!

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querida Carol, bom feriado para ti e o Tiago,
Beijinhos de carinho,
Fernandinha

Whispers disse...

Ola linda Carol
Entre o Amar e odiar por vezes e um passo so....

O odio e o amor ferido, e um sentimento como outro qualquer.

Lindo poema, lindas palavras....
Querida, obrigado pelo teu sempre carinho, ando em meditação comigo mesma, tento seguir o caminho com os espinhos que me vão machucando,tenho as lágrimas por companhia.

Linda, que teu fim de semana seja maravilhoso
Mil beijos
Rachel

adrianeites disse...

grande Torga!
boa escolha

poetaeusou . . . disse...

*
canta poeta, canta,
vilenta o silencio conformado,
cega com outra luz a luz do dia,
desassossega o mundo sossegado,
ensina a cada alma a sua rebeldia,
,
in - torga
,
conchinhas
,
*