outubro 27, 2007

Para Ti

É o teu rosto que procuro
por entre a multidão,
sem que lhe conheça os traços ou o sorriso.
É da tua presença que necessito
em momentos de angústia ou intimismo cruel.
É o teu corpo que me aquece no frio da solidão.
É o teu olhar que ilumina a minha vida
e me indica o caminho para dentro de mim.

outubro 24, 2007

Ausência

Procuro-te.
[E não te encontro.]

Para onde vão teus passos,
que de mim se afastam?

Sigo-te,
pela escuridão,
que me envolve...
Mas não te alcanço.

Sigo-te, na ânsia de te encontrar.
Estendo os braços,
mas não te alcanço.

Para onde os beijos que trocámos,
para onde as carícias que fizemos,
para onde o amor que matámos?

outubro 21, 2007

Divindade

Envias-me sinais,
como se de um deus te tratasses.
Não os entendo e não os procuro.
Recebo-os dentro de mim,
sem deles estar à espera.
Sei que te encontras algures,
num caminho que devo percorrer
e assim me deixo estar,
à tua espera.
Aguardo o momento em que te aproximarás,
sabendo que as divindades não existem
e que és tu quem me deve adorar!

outubro 17, 2007

Imagem

É uma varanda,
banhada pela luz do dia,
que nos oferece o cenário idílico de um mar.
O Sol beija-me as faces
e ilumina os meus cabelos.

Ouço passos.
[ É a tua vez de entrar em cena.]
As tuas mãos percorrem o meu rosto
e os teus braços envolvem o meu corpo.

Assim ficamos:
presos na teia do Tempo que nos enlaça
e imortaliza este nosso amor.

outubro 13, 2007

Reencontro

Tento perceber o que me empurra para ti.
Não entendo porque te vejo em imagens reflectidas,
como um espelho que se parte em mil pedaços.
Preciso de ti, sem que te conheça
E sinto que te percebo,
como se parte de mim estivesse dentro do teu corpo.
Procuro-te incessantemente
e não me canso, jamais,
porque decifro a inevitabilidade desse reencontro
com um pedaço de mim!

outubro 09, 2007

Desejo

Quem me dera que aqui estivesses
junto de mim,
meu amor.
Sentir o teu corpo,
envolvente como a seda,
a tocar o meu ser mais profundo.
Quem me dera ter-te aqui
para me abandonar às tuas carícias,
às malícias
[delícias]
das tuas conversas.
Quem me dera o teu amor,
meu amor!

outubro 07, 2007

Nós

Não te sei encontrar
nos caminhos que percorro
todos os dias.
Sei da tua existência,
mas desconheço o teu nome...
Vejo-te em sonhos que não domino.
Sinto-te aqui
em momentos de intimismo superficial.
Vens-me à mente
[ como um flash que dispara na noite, ao captar outras emoções],
em imagens de vidas que nunca vivi.
Procuro-te.
Sei que te vou encontrar
e,nesse dia,
meu amor,
serei feliz.

- Finalmente somos nós!

outubro 03, 2007

Jardim

Sinto-me uma flor
bafejada pelo vento.
À tua passagem
abro-me em volúpia,
à procura da luz que emanas
e do calor que me transmites.

Vem a noite.

Recolho-me em silêncio resignado,
esperando vencer a solidão.
Em ânsia por um novo dia,
aguardo a tua chegada,
meu amor,
para que possas saciar o teu desejo
no amarelo que me coroa.

Procuro o nosso jardim cheio de promessas
e espaços de liberdade sem fim...

Fim

É o vazio que se nos depara
ao final de cada dia.
Preenche as nossas noites,
o espaço sem fim que nos acolhe,
o tempo
[intemporal]
que nos domina.
É o deserto que nos preenche o coração
sempre que o amor termina...

outubro 01, 2007

Estagnação

Sinto que a vida te transformou,
te definiu a dureza do rosto,
deu-te a luz mortiça ao olhar.
Sofreste. Lutaste. Sobrevives
e vives, agora, dessa forma:
entre a maré do que foi
e a maré do que há-de vir.

Deixas-te ir ao sabor do vento.

Já não lutas como outrora,
contornas os obstáculos e continuas o teu caminho.
Já não lutas.
Estás cansado desse morrer que te acontece
em cada instante....